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Providência cautelar para travar demolição da panificadora de Nadir Afonso em Vila Real

Defensores da panificadora de Vila Real, projetada por Nadir Afonso, mostraram-se indignados pela demolição parcial do edifício, ocorrida ao final da tarde de ontem, e prometeram avançar com uma providência cautelar para travar a obra.

“Por volta das 18:00 uma máquina entrou aqui e começou a derrubar o edifício”, afirmou Mila Simões de Abreu, que faz parte da Alter Ibi, associação que há três anos tem sido uma das vozes mais ativas na defesa do edifício da panificadora ou Panreal, como é conhecida pelos habitantes locais o imóvel do artista transmontano Nadir Afonso. A responsável ainda entrou no edifício que estava a ser demolido, tendo sido retirada do local pela PSP. “HOJE [terça-feira] nós vamos fazer uma providência cautelar que visa parar as obras. Estávamos num processo em que podíamos transformar isto na mais linda loja do LIDL”, lamentou. Mila Simões de Abreu disse que o processo ainda vai ser estudado com os advogados, mas adiantou que a providência cautelar avançará em nome de “diversas pessoas”. “É importante a defesa do património português. Nadir Afonso era um grande artista, um grande arquiteto e, portanto, a destruição assim à calada, cobardemente, sem um anúncio, um edital, só demonstra que eles têm medo”, salientou. Recentemente esta associação pediu ajuda ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para “salvar” o edifício que diz estar em “risco de demolição” para dar lugar a “um parque de estacionamento de 50 lugares”. Ao final da tarde de ontem, juntaram-se algumas pessoas junto à panificadora que contestaram a demolição parcial do edifício, trabalho que se pressupõe que prossiga HOJE. Também presente no local, António Crespí disse sentir uma “tristeza terrível”. “Como é possível que um povo transmontano deteste os seus sinais de cultura e de identidade até este extremo, isto é incompreensível”, frisou. Há cerca de duas semanas, contactado pela Lusa, o Lidl Portugal disse estar “em processo de aquisição do terreno onde se encontram as ruínas das antigas instalações da panificadora, em estado avançado de degradação”. “Planeamos, com este empreendimento, renovar a nossa loja existente em Vila Real, dando não só uma melhor experiência de compra aos nossos clientes como melhores condições de trabalho aos nossos colaboradores. Aguardamos a conclusão do processo de aquisição para poder avançar com datas”, referiu a cadeia de supermercados. Em 2019, a Câmara de Vila Real decidiu não classificar a panificadora como imóvel de interesse municipal. Uma decisão que foi tomada depois de também a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) ter arquivado o procedimento de classificação para Imóvel de Interesse Público, proposto por um grupo de cidadãos, considerando que o edifício já não reúne características para uma classificação de âmbito nacional.